sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Navegar

Engraçada a primeira vez em que se olha nos olhos. Naquela tarde ensolarada, vi nos teus um oceano disposto a me afogar.
Ah, Oceano... Tu querias que eu nadasse, nadasse e nadasse; mas nada se pode fazer se sou mulher de terra firme. Não poderia eu me afogar em teus beijos se já tremo na imensidão de teus olhos suplicantes. Não posso, não posso respirar.
Uma vez apenas vi teus olhos. Tu já eras inteiro meu quando me permiti almejar ser marinheira. Dizem por aí que navegar é preciso, mas não posso, na rocha eu me firmo... Ah, Homem de ondas, entendas que, em teu mundo, eu só sei ancorar.
Pegaste em minhas mãos e me chamaste para nadar... Querias que fosse sereia e imaginavas meu canto; querias-me por inteiro. Mas, saibas, marinheiro, que sou pedaços de nota, não canto tua melodia.
Engraçada a primeira vez em que te olhei nos olhos. Tu me inundaste sem que pudesse te alertar: sou mulher de terra firme, não posso navegar.

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