A realidade me machuca demais.
Não vivo nela. Sou de lugar distante, lugar
de família, pão nosso de cada dia e amor que não é distante, em que se toca.
A realidade é sonho ruim, no lugar
em que vivo. Minha prisão de felicidade me tornou alheia ao mundo das coisas
tangíveis. Por isso sofro.
Sofro por ver. Apenas ver, sem
tocar. Não posso tocá-la, quissá mudá-la. Esse muro de necessidades
satisfeitas, livros e cafés quentes não me deixa tocá-la.
Cresci um pouco, pude ver o outro
lado. Gosto amargo na boca, cheiro desagradável, tão diferente de minha
suavidade habitual... Subi uns degraus, desconfortavelmente, sentei em cima do
muro. “Oh Deus, por que tanto desespero; não ouves os clamores agoniados
agonizantes?”, pensei e repensei. Mas só pensei.
Não pude dizer uma sequer palavra,
nem uma lágrima ousou rolar. Decidir entre a felicidade habitual ou a realidade
factual é decidir entre duas prisões. E permaneci em cima do muro.
A realidade me machuca demais. Pois
não vivo nela, mas posso vê-la em cada pé descalço. Ela é sonho ruim em meu
mundo, esse meu lugar distante.
Ando sonhando muito.
Ando sonhando muito.
Dizem que viver em cima do muro é
fraqueza, “em cima do muro não é de bom tom”. Mas, aprisionar-se em mundo doce
de cortinas fechadas ao caótico do outro lado é assim de tão bom tom?
Talvez eu seja realmente fraca. Mas
o muro é forte.
Biiia, to adorando o blog! Ta mandando muuitoo
ResponderExcluirEu adorei!!!!
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